"Sou, em grande parte, a mesma prosa que escrevo. Desenrolo-me em períodos e parágrafos, faço-me pontuações, e, na distribuição desencadeada das imagens, visto-me, como as crianças, de rei com papel de jornal, ou, no modo como faço ritmo de uma série de palavras, me touco, como os loucos, de flores secas que continuam vivas nos meus sonhos."
B.S.



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

[pertencendo]

(semi)sobre o pertencer.
milianos que eu sumi daqui, mas as causas considero-as todas justas.
visitei umas bandas diferentes e era disso que eu tava precisando.
minha melodia nao acompanhava as daqui, eu sequer tinha uma melodia. eu as vezes fingia que tinha ritmo, o suficiente pra me fazer dançar, sozinha, no escuro.
nos lados de lá virei uma banda de um homem só, no caso uma mulher (no caso uma menina menor de idade).
falar uma lingua diferente, ouvir 30 outras, conhecer o mundo todo estando num lugar só. universos paralelos. eramos todos jovens de 20 e poucos anos, juntos, criando uma musica propria. cada qual com uma vida mundo afora muito da diferente do que mostrava ali pra gente. era ele que ia voltar pra casar com uma noiva que os pais tinham escolhido. era ela que morava numa vila no pé de uma montanha no meio da europa. era ela que te ensinava um novo tipo de meditaçao tao diferente de tudo que voce ja tinha sentido. era ela que tinha ganhado na loteria do green card. eram eles que estavam terminando seus estudos na america e tinha que voltar para seus respectivos paises. eram seus pais todos localizados em algum lugar no futuro por causa daquele tal do fuso horario. eram aqueles chamados de frios os mais amorzinhos e hospitaleiros. os chamados de arrogantes, os mais modestos e interessados. os mais calorosos.. é, e nós éramos mesmo. alguns abraçavam, alguns nao sabiam como.
me encontrei de um jeito por ali que nao parecia real.
eu falava pra ele: isso nao é vida real, voce nao é vida real. ele ria.
foram dois meses de amor e cinco dias apaixonada por uma outra realidade. era só eu dessa ultima vez e nao me senti sozinha um segundo sequer. fui feita pra viver na bagunça.
fui feita para pertencer e nao pertencer. nao sou de um lugar só, me sinto pertencendo a todos e a nenhum. é como se pertencesse só a mim mesma. e a mim mesma pertence a todas as outras bandas do mundo.