"Sou, em grande parte, a mesma prosa que escrevo. Desenrolo-me em períodos e parágrafos, faço-me pontuações, e, na distribuição desencadeada das imagens, visto-me, como as crianças, de rei com papel de jornal, ou, no modo como faço ritmo de uma série de palavras, me touco, como os loucos, de flores secas que continuam vivas nos meus sonhos."
B.S.



segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

[sonhos a la vidente fajuta]

sonhos. essencialmente aquilo que não pertence a realidade. ninguem quer admitir isso em quaiquer circuntancias e costumam tentar torná-lo um pouquinho mais real. só não percebem que, ao oferecer um lugar aos sonhos na tal da realidade, as pessoas tem que tirar seu próprio pezinho do chão cedendo-lhes lugar por aqui.
sonhos são bem mimados, por isso nem sempre crescem como deveriam. mimo demais deixa a criança meio tortinha, assim como os sonhos. experimente dizer-lhes não alguma vez. é aí que ele começa a amadurecer um pouquinho. você nem percebe e ele está lá tomando conta da sua vida, cheio de planos para o próximo ano. isso porque você o deixou crescer com as próprias pernas e não se estressou muito com isso.
o segredo é não se estressar com seu sonho. ter aquele tanto de paciência. aí de resto ele se vira.
sonhos são amigos imaginários que ninguém tem vergonha de admitir que tem. eu mesma tenho vários, apesar de serem raras as vezes que os guardo na memória até a hora de acordar. sonho muito com água, piscina, rio que na verdade é a marginal, essas coisas assim. mas ninguém entende muito seus amigos imaginários. Meu primo, quando pequeno, tinha uma amiga chamada Idiota. ela tinha ate lugar na mesa de jantar. alguns desses amigos as vezes te dão aquele empurrão que você ta precisando pra refazer sua vida. as outras vezes, por se tornarem tão distantes, talvez a amizade nem valha mais a pena e a vida fica um pouco sem graça, mas é inevitável que seja assim.
sonhos são desabafos. você te contando uma coisa que nem tinha percebido ainda, adivinha sobre quem? os babados são fortíssimos. varias desilusões, medos, vontades e é assim que a gente vai seguindo nosso rumo meio sem perceber.
eles são aquele tipo de vidente fajuta, mas que não devolve seu dinheiro caso a mandinga não funcione. e você sempre paga uma nova consulta. não faz mal, não é não?
tem dois tipos de sonho. aquele do travesseiro e aquele que é uma mentirinha da gente pra gente mesmo.
outro dia a porta lá de casa dava prum lugar bem esquisito, meio deserto meio oasis. e tinha uns passaros em forma de pergunta e de afirmaçao que te mandavam escolher um lado. o mais engraçado é que a maioria das pessoas ali preferiam uma vida cheia de cactos e ficavam se espetando umas as outras assim, pra sempre. juro.
esse é o tipico sonho de travesseiro (mas é tambem de mentirinha porque eu acabei de inventar [mas também é de verdade porque as pessoas adoram se espetar sem nenhuma razão aparente. acho que elas acham bem divertido mesmo]). mas agora já começou a ficar meio confuso e acho que um dos meus pézinhos já perdeu a terra firme.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

[sensações]

eu tenho umas sensaçoes, as vezes, que nao deveriam ser minhas nunca. a gente só escreve sobre essas coisas quando o sono tá ali, meio brigado com voce, espreitando e nao toma uma atitude um pouco mais decente. insonia, chamamos normalmente. fico dando umas desculpas, as vezes é café, as vezes calor, hoje deve ser tpm. o que for nao me deixa dormir e fica uma sensaçao tao esquisita que eu nem sei pensar direito sobre o assunto. as vezes eu nao sei dizer se o cheiro é bom ou é ruim até descobrir sua origem. as vezes nao sei se gosto de como as paredes combinam com o sofa e o tapete até ouvir uma segunda opiniao. sao coisas que eu nao sei pensar sobre o assunto só por mim e meio de surpresa. estou tao acostumada com as mesmas sensaçoes que nao sei mais opinar sobre elas. as vezes acho isso triste, as vezes nao sei.
o que sinto agora é meio assim tambem, ainda nao decidi. nao lido direito com pressao, preciso de um tempo pra saber se gosto, que as opinioes aqui dentro sao muitas, mas nenhuma é exatamente minha. importei quase todas elas de gente que já sentiu antes. quando eu sinto eu entendo e essa é a diferença.
to meio esquisita. meio revirada por dentro por alguma coisa que nao deveria estar ali. deve estar presa a garganta, me sufocando um pouquinho e o outro pouquinho nao me deixando que a dedure. uso as palavras, que ainda nao conseguiu me impedir. é meio agonia, meio curiosidade, que me obriga a uma musica no meio da noite quando tem hora pra acordar no dia seguinte. chico.
tem dias que é bem diferente, na maioria deles na verdade. essa é autentica, só minha. por isso nem as palavras conseguem me salvar em tais dias. nao sei pensar sobre porque nao há em quem se basear. guardo comigo como minha verdade unica. ninguem nunca disse que é boa, só me faz sentir viva. minha verdade nao é a melhor, mas pelo menos a tenho e ela me assalta de vez em quando durante a noite, sem poder dormir, sem poder gritar. me conforta só o fato de ser minha.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

[como eu adoro essa cidade]

é só chegar em sao paulo e da-lhe febre e bichinhos indesejaveis habitando seu corpo. para quem passou o ultimo mes em lugares irrespiraveis, tal qual uma praia deserta, acho que entende o que estou falando. foram viagens (por favor, meus amores, viagem é com g! pode ser, tranquilo?) bem peculiares com incontaveis situaçoes ridiculas. vamos a algumas: entre um caminho curto e um super comprido, a opcao é meio obvia. a nao ser quando esta de noite, nao existe uma luz que te ajude a desviar das varias pedras no meio do seu caminho, está alagado e chovendo. pois é, adivinha qual foi o escolhido? e o melhor é voltar de madrugada, quase precisando de um bote para atravessa-lo e virando comida para insetos de todos os tipos; ficar trancada para fora de seu quarto e com opçoes meio escassas de lugares para dormir. e com uma insonia delicia, nao nos esqueçamos; chegar numa casa inabitada por meros 2 anos e ter que limpa-la. os morcegos, baratas, aranhas, insetos e formigas (muitas formigas!) nao gostaram muito e travaram uma batalha intensa com os novos moradores; ter que tomar banho gelado de madrugada (sem nenhum preparo psicologico) porque sua cabeça resolveu se rebelar contra voce mesmo; ah é, e falando em banho, toma-lo ao livre, assistindo ao por-do-sol e, a parte ruim, novamente os mosquitos (deja vu). isso por causa do esgoto e talz, mas essa parte é grande demais pra explicar agora; e me pergunta se tinha algum sinal no celular? era deserta mesmo, gente. ok, esses foram alguns. isso só pra mostrar que apesar de tudo eu estava otima. cheguei em sao paulo ontem e adivinha? pois é, fiquei em casa morrendo, com febre e todos os seus efeitos. ai como eu adoro esse cidade, viu? mas antes de terminar preciso confessar uma coisa: é bom voltar pra casa. nao só bom como eu preciso disso, preciso do meu lugarzinho as vezes. pena que a localizaçao inclui transito, poluiçao, superpopulacao e varios egos inflados por aí.