"Sou, em grande parte, a mesma prosa que escrevo. Desenrolo-me em períodos e parágrafos, faço-me pontuações, e, na distribuição desencadeada das imagens, visto-me, como as crianças, de rei com papel de jornal, ou, no modo como faço ritmo de uma série de palavras, me touco, como os loucos, de flores secas que continuam vivas nos meus sonhos."
B.S.



segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

[amor cor-de-rosa]


cor-de-rosa. a menina sorria tão leve que o mundo todo se pintava para ela, só para vê-la sorrir. e de tantos agradinhos ela se tornava leve e feliz. era única. e por ser, só ela, assim, cada um a sentia de um jeito particular. era doce e macia, sonho e jujuba, sensível e agradável, girassóis, maresia e cor-de-rosa. e a cada atribuição ela retribuía. o olhar doce se deleitava no novo sabor e tudo que via se tornava doçura. e agradecia por cada sensação, tornando adocicado tudo que pudesse transformar.
era toda envolta em açúcar, daqueles de confeitaria que enfeitam os doces da padaria. amostra de delicadeza que o mundo gostaria de provar. cada movimento provocava um suspiro alheio. era toda uma fantasia. apertando os olhos um pouco quase se via duas asinhas e a auréola.

era amor. a mistura do branco e do vermelho, da inocência e da intensidade.  era uma pureza escandalosa. a face tranqüila e a energia reprimida dentro do corpo. leite e groselha, areia e terra, lua e sol. era essência do jasmim e da rosa no menor frasco de perfume.
a menina era só encanto e cada um a queria de um jeito. acalentar, cuidar, exibir, admirar, ter. era tão platônico que chegava a ser triste. só as vezes, bem de vez em quando, ela olhava pra alguém e sorria. não precisava-se de outra coisa. era doce e cor-de-rosa e bastava para ser feliz.