"Sou, em grande parte, a mesma prosa que escrevo. Desenrolo-me em períodos e parágrafos, faço-me pontuações, e, na distribuição desencadeada das imagens, visto-me, como as crianças, de rei com papel de jornal, ou, no modo como faço ritmo de uma série de palavras, me touco, como os loucos, de flores secas que continuam vivas nos meus sonhos."
B.S.



terça-feira, 31 de maio de 2011

[sol de inverno]

sol de verão é inteiro ardente, é calor pra todo lado e a sensaçao é a de que é necessario um banho urgente. fica tudo muito claro, as pessoas ficam mais visiveis, talvez até mesmo suas intenções. as pessoas não sabem se esconder direito no verão. não existem mentiras de novembro a março ao sul do equador. é tudo mais alegre também. a gente conta mentira, e é claro que a gente mente, e então a gente ri e se acerta. verão é uma delicia pra se acertar com os outros. acho até que os sorrisos gostam de aparecer mais nessa época, o sol deixa eles mais bonitos. verão é uma estação bem convidativa. é com certeza o anfitrião deste país. meio cheio de graça também (e agora sim a moça que vem e que passa..)
aí que não me dá vontade de falar dos intermédios. a primavera é toda clichê, o outono é meio nulo, sem sal, sem sol, sem folha.
ja me disseram uma vez que luz de inverno é assim meio de sonho. aquele sol que nao arde no corpo, só um pouco nos olhos, deixando tudo meio enevoado. é tão frio, vento frio, gente fria, humor frio, um gelo atrás do outro. mas só nas partes que o sol nao aparece. tem sempre uns cantinhos ensolarados de inverno que te levam prum mundo meio surrealistico. e é sempre um sonho bom. é uma bolha rosa acizentada, tem neblina também, que te permite ver o que se quer. sol de inverno te faz sonhar com o verão, te dá uma sensação quentinha, gostosa. até que o sol se esconde e com ele se esconde o sonho e voce volta para o seu momento úmido e escuro anterior. sol de inverno é um perigo para pessoas como eu. as vezes eu acredito muito nele, e não se deve acreditar muito em qualquer coisa por aí.

[gosto]

eu gosto. gosto mesmo e precisei admitir.
é tão errado gostar de vez em quando.
chocolate que te engorda, sofá que sedentariza, álcool que te ressaca, juventude que passa depressa.
mas é tanto gostar errado e de verdade que te faz a vida mais cheia de graça.. (e não é ela menina que vem e que passa não..)
eu gosto e não deveria. me assusta querer tanto, mas aceitei. aceitei ser assim errada.
já me disseram que sou toda um desastre. no bom sentido.
me disseram que sou uma fofurinha também. nao num sentido tao bom assim. talvez me chamassem gorda ou ingenua, ainda nao descobri.

nao me importo de ser tortinha. o mundo todo é. quem sou eu pra querer ser mais que o mundo todo?

segunda-feira, 23 de maio de 2011

[só pra mim]

envolta toda estou numa confusão, desenvolta, desenvolvo minha busca, meu eu, meu você, nada nosso, fadiga, como eu queria, eu queria, só queria, nao ver, ver voce.
que tivesse me deixado lá. que eu estivesse sozinha agora. que nao voltasse para me buscar.
minha busca é toda minha.
preocupação. me sentindo por inteira no chão. me faz cantar. dance para mim.
nao me procura mais. some. volta. nao volta. minha vida voce que me fez.
me transporta daqui, me foge, nao foge de mim, me sacode. acordo.
quero sair de perto. nao consigo.

sensibildade. encontrei.
como perder? quero perder?

segunda-feira, 9 de maio de 2011

[caminhos]

o mundo inteiro me cansa quando não consigo encontrar no mundo alguma coisa que valha a pena.
me cansa tanta que o que empolgava, nem me alcança mais.
o mundo é tão grande e não há nada para procurar, não há nem vontade de começar a procurar.
ficar parado cansa, movimentar cansa. me canso do cansaço e nem me lembro mais de como era quando era diferente.
desânimo. demora tanto para encontrar que o resto do caminho parece inútil.
pessoas meio sem gosto, comidas meio sem sal, o alvoroço meio monótono e a monotonia morna esfriando.
angustia e raiva. minha cara cansada me assusta, mas o cansaço me vence e aceito. por dentro tá tudo meio revirado, uma ansia contida, uns poucos atrevimentos externos me cansam também.
o mundo não pulsa no ritmo certo e desequilibra.
minhas pegadas rasas no chão não me permitem voltar e meus caminhos rascunhados, as vezes tão cheios, as vezes sem nada, difilcimente nitidos, nunca contém o primeiro passo. como os sonhos.
não enxergo uma possibilidade. sinto-as, apenas. sempre me escapam.

não preciso saber para onde. meu primeiro passo é sempre alheio e despreocupado. o caminho eu sigo depois e não me importo muito com isso.