"Sou, em grande parte, a mesma prosa que escrevo. Desenrolo-me em períodos e parágrafos, faço-me pontuações, e, na distribuição desencadeada das imagens, visto-me, como as crianças, de rei com papel de jornal, ou, no modo como faço ritmo de uma série de palavras, me touco, como os loucos, de flores secas que continuam vivas nos meus sonhos."
B.S.



segunda-feira, 9 de maio de 2011

[caminhos]

o mundo inteiro me cansa quando não consigo encontrar no mundo alguma coisa que valha a pena.
me cansa tanta que o que empolgava, nem me alcança mais.
o mundo é tão grande e não há nada para procurar, não há nem vontade de começar a procurar.
ficar parado cansa, movimentar cansa. me canso do cansaço e nem me lembro mais de como era quando era diferente.
desânimo. demora tanto para encontrar que o resto do caminho parece inútil.
pessoas meio sem gosto, comidas meio sem sal, o alvoroço meio monótono e a monotonia morna esfriando.
angustia e raiva. minha cara cansada me assusta, mas o cansaço me vence e aceito. por dentro tá tudo meio revirado, uma ansia contida, uns poucos atrevimentos externos me cansam também.
o mundo não pulsa no ritmo certo e desequilibra.
minhas pegadas rasas no chão não me permitem voltar e meus caminhos rascunhados, as vezes tão cheios, as vezes sem nada, difilcimente nitidos, nunca contém o primeiro passo. como os sonhos.
não enxergo uma possibilidade. sinto-as, apenas. sempre me escapam.

não preciso saber para onde. meu primeiro passo é sempre alheio e despreocupado. o caminho eu sigo depois e não me importo muito com isso.

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