"Sou, em grande parte, a mesma prosa que escrevo. Desenrolo-me em períodos e parágrafos, faço-me pontuações, e, na distribuição desencadeada das imagens, visto-me, como as crianças, de rei com papel de jornal, ou, no modo como faço ritmo de uma série de palavras, me touco, como os loucos, de flores secas que continuam vivas nos meus sonhos."
B.S.



quinta-feira, 28 de outubro de 2010

[enfoque]












nao me permito sentir muito. só falta, mas só um pouquinho também.
aproximar-se de qualquer coisa é não vê-la por completo.
detalhes, mesmo que nítidos, não mostram o real.
aproximar-se é dar enfoque no um e disfocar o todo.
é um ponto de luz naquilo que se quer chamar atenção.
todo mundo que se aproxima decide para que parte prefere se dirigir.
escolhe e vai. e para de enxergar.
sentir é aproximar-se. é não ver tudo aquilo que deveria.
é desprestar atenção em coisas importantes.
e eu não quero perder nem um pedacinho de verdade.
sentir é direcionar uma emoção praquele conjunto por causa de um aspecto que saltou aos olhos.
eu quero não ter direção.
a viver sem rumo ou ser guiada pela cegueira, fico com a primeira opção.
todo mundo tem uma cota de cegueira e a minha já se esgotou faz tempo.
prefiro não sentir. não aproximar. me desviar. ver.
prefiro não preferir coisa nenhuma.
sou. só isso.

domingo, 17 de outubro de 2010

[as crianças]


aproveitando o momento favorável para dedicar uma atenção a elas.
apesar de que, acho qualquer momento favorável a elas. gostaria até mesmo de me incluir nessa classificação, afinal, como disse, minha vida se baseia em estágios de amadurecimento.
esses estágios podem durar anos ou alguns minutos, e, por que não, não podem retroceder de vez em quando?
retrocedi. me fiz criança só um pouquinho. ou tentei.
as vezes penso que ser pequena é precisar de uma proteção maior, de cuidados especiais.
mas acho que é a maneira adulta de se sentir criança, já esquecemos o que é realmente.
crianças não tem medo de se machucar, nós é que temos e trasferimos a elas nossos sentimentos covardes.
se tivessem [medo], não sairiam por aí se arriscando tanto para descobrir um mundo tão maior do que elas.
acho até que inventam medos imaginários para que nós possamos nos sentir só um pouquinho úteis achando que as estamos ajudando.
crianças são tão generosas a ponto de fingirem medos para que nós nos sintamos bem.
nós sentimos medo porque conhecemos na pele a consequencia de arriscar-nos. elas ainda não conhecem o posterior da ação. por isso não as chamo de corajosas. chamo-as de inocentes.
corajosos são aqueles que continuam tentando mesmo sofrendo com a atitude que tomou.
coragem ou inocência, entretanto, são muito mais nobres do que nós. ambos nos fazem agir. o resto nos faz parados.
a vida, por definição, não é estática.
não nos deixemos ser também.
retroceda ou avance, não importa, o que importa é movimentar-se.

[desabafo]

as vezes, meu mundinho se fecha para visitações.
preciso interditá-lo sim, para que algum tipo de manutenção possa ser realizada.
baseio toda minha vida e minha ações nos valores e princípios que sempre defendi, mas sei a importância de reinventar-se periodicamente.
pausas para pensar e se perceber no mundo sempre funcionam quando qualquer tipo de dúvida ou desconfiança não te deixa dormir.
as vezes é reciso apelar para ações um pouco mais corajosas do que de costume. ando descobrindo que elas podem fazer um bem danado pro ego.
é isso, sou uma pessoa reservada sim, mas não admito situações que vão tão contra princípios éticos e justos e preciso tomar algum tipo de atitude, nem que seja uma mínima.