"Sou, em grande parte, a mesma prosa que escrevo. Desenrolo-me em períodos e parágrafos, faço-me pontuações, e, na distribuição desencadeada das imagens, visto-me, como as crianças, de rei com papel de jornal, ou, no modo como faço ritmo de uma série de palavras, me touco, como os loucos, de flores secas que continuam vivas nos meus sonhos."
B.S.



quinta-feira, 28 de outubro de 2010

[enfoque]












nao me permito sentir muito. só falta, mas só um pouquinho também.
aproximar-se de qualquer coisa é não vê-la por completo.
detalhes, mesmo que nítidos, não mostram o real.
aproximar-se é dar enfoque no um e disfocar o todo.
é um ponto de luz naquilo que se quer chamar atenção.
todo mundo que se aproxima decide para que parte prefere se dirigir.
escolhe e vai. e para de enxergar.
sentir é aproximar-se. é não ver tudo aquilo que deveria.
é desprestar atenção em coisas importantes.
e eu não quero perder nem um pedacinho de verdade.
sentir é direcionar uma emoção praquele conjunto por causa de um aspecto que saltou aos olhos.
eu quero não ter direção.
a viver sem rumo ou ser guiada pela cegueira, fico com a primeira opção.
todo mundo tem uma cota de cegueira e a minha já se esgotou faz tempo.
prefiro não sentir. não aproximar. me desviar. ver.
prefiro não preferir coisa nenhuma.
sou. só isso.

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