"Sou, em grande parte, a mesma prosa que escrevo. Desenrolo-me em períodos e parágrafos, faço-me pontuações, e, na distribuição desencadeada das imagens, visto-me, como as crianças, de rei com papel de jornal, ou, no modo como faço ritmo de uma série de palavras, me touco, como os loucos, de flores secas que continuam vivas nos meus sonhos."
B.S.



terça-feira, 9 de novembro de 2010

[sentido e sensibilidade]

"precisa-se de explicações" anuncia o rosto social, denunciando o tamanho da ambição dos homens, querendo entender o que não possui um sentido de existência maior. existe com o único sentido de não ter sentido nenhum. (assim me ensinou o mestre sem saber que o fazia)
o movimento é eterno e creio nele como quem crê no sentido existencial. com a diferença de que se move sem sentido ou direção.
acreditar no (tantas vezes já citado) sentido é ser estático. e o sentido de ser estático é, não só nenhum, como também medíocre. ambos não me servem e descarto-os sem certeza se tornarei a vê-los algum dia.
não me importaria caso tornasse a vê-los, a bem da verdade. do mesmo modo que aprendi a nao me importar em reencontros pessoais desconfortáveis. prestar muita atenção a eles poderiam torná-los mais desagradáveis do que o necessário.
cotas de conforto e desconforto vão existir em menor ou maior grau, o tamanho de cada uma estará atrelado à importância que se dê ao assunto. prefiro não dar importância e me desconfortar por vezes menos, por vezes mais.
teorias sinteticamente errôneas. não sou teoricamente nada. sou assim, de corpo e movimentação. se não procuro por um sentido maior é porque não o possuo. procuro uma verdade naturalmente errante, que por ser errante não me afirma coisa nenhuma. só me faz acreditar. nao importa muito em que, só sei que se relacionam a atalhos e percursos sem saída e na mudança ininterrupta dos tais sentidos.

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