"Sou, em grande parte, a mesma prosa que escrevo. Desenrolo-me em períodos e parágrafos, faço-me pontuações, e, na distribuição desencadeada das imagens, visto-me, como as crianças, de rei com papel de jornal, ou, no modo como faço ritmo de uma série de palavras, me touco, como os loucos, de flores secas que continuam vivas nos meus sonhos."
B.S.



sexta-feira, 29 de abril de 2011

[várias]

Estava perdida. Independente dos planos que enchiam cada um de seus dias. Perdeu-se dentro da própria rotina. O diferente era o único que permanecia o mesmo. Ela não era a mesma nunca e não sabia mais o que queria ser. A cada reviravolta, se transformava e era o que não poderia ter sido antes. Tantas identidades confundiam-na. E todas elas eram aquele tanto tortinhas. Sempre lhe pareciam erradas. Suas identidades não lhe serviam assim como ela não servia às suas identidades. Trocava-as como trocava de lençol e costumava ser uma pessoa asseada. Estava sempre fugindo, dos outros e dela mesma, tinha horror em fica acomodada. Se deixasse, a estagnação virava vício e o único vício que ela se permitia era o da transformação. O tempo reservado para cada uma não era suficiente para adquirir nenhum outro. Colecionava traumas, nunca vícios. Possuía várias identidades e uma só essência transformadora.

terça-feira, 26 de abril de 2011

[reviravolta]

fui pregada. de peça que a vida me trouxe.
foi só um tantinho assim atrás e eu já não acreditaria.
me revirei inteira nas duas semanas que já passaram.
as vezes era tão óbvio, as vezes tao distante.
foi só um pouquinho de vontade e completei o resto da força.
to toda diferente.
os dias todos inteiros, antes metade vazios, me fazem cansada e feliz.
minha voz anonima, meu eu mesmo anonimo precisando se entender tudo de novo.
reviravoltas exigem um bocado da gente.

terça-feira, 12 de abril de 2011

[convivências]

sobre a introversao e sobre o que eu penso dela.
introverto-me o tempo todo.
o todo dentro de mim verte-se inteiro para uma parte ainda mais dentro desse todo.
as vezes me sinto só eu no mundo. dado que o mundo é meu nao poderia ser diferente.
me endentro sozinha não para me por a pensar. me ponho a nao pensar em nada por mais que pense no meu mundo inteiro. o que tambem nao poderia ser diferente.
timidez. nao me faço timida em nenhum mundo a que pertenço.
a diferença entre os dois é que um pertence as pessoas e eu convivo com cada uma. o outro pertence a mim e a unica convivencia permitida é a minha própria.
em um me faço introvertida ao extremo. no outro extroverto-me ao minimo exigido.
sempre fui melhor escrevendo. falar em público não me assusta como poderia. tenho preguiça de nao falar sobre nada com alguns. dialogos inteiros estao reservados para alguns outros. gosto de companhia. nao de todas. preciso conversar. quero falar sobre qualquer coisa. preciso ficar sozinha. nao quero falar sobre qualquer coisa. quero gritar ao mundo todo como está todo mundo meio tortinho. quero que as pessoas percebam por elas mesmas.
introversao. extroversao. a unica convivencia permitida aqui dentro além da minha própria.