"Sou, em grande parte, a mesma prosa que escrevo. Desenrolo-me em períodos e parágrafos, faço-me pontuações, e, na distribuição desencadeada das imagens, visto-me, como as crianças, de rei com papel de jornal, ou, no modo como faço ritmo de uma série de palavras, me touco, como os loucos, de flores secas que continuam vivas nos meus sonhos."
B.S.



domingo, 19 de setembro de 2010

[a falta sentida]



eu sinto muito. muitissimo.
eu sinto muita coisa. e sinto a falta delas também.
não penso ser uma coisa triste.
acho triste quem não tem do que sentir falta.
muita coisa eu esqueço. e guardo-as no lugar mais longe que consigo, dentro de mim.
mas as coisas que ficam, por mais tristes que sejam, são boas.
são boas por me lembrarem de ter vivido.
são boas por me lembrarem que por mais triste que sejam, elas passam.
eu gosto de sentir falta. e gosto ainda mais por transformar tudo que sinto falta numa daquelas pegadas do acaso que por acaso eu segui.
e por elas que estou aqui hoje, entre tantas possibilidades de estar (em algum outro lugar)
estou aqui. nesse momento. agora. aqui. escrevendo.
pensando nele. e neles. e nelas. pensando e existindo.
e sabendo que vou sentir falta deste momento aqui quando ler esse texto algum tempo depois.
só o que existe é passado. o presente não existe, nem futuro. e o passado aumenta a medida que o futuro diminui, mas ambos continuam infinitos. e o presente continua com a mesma finitude de sempre.
foi isso que eu pensei agora.
do que você sente falta?
eu sinto de você. mas é mentira.

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