nada me faz tão bem quanto um sorriso espontâneo.
é quase um reflexo, tão inevitável quanto a própria respiração.
a pessoa que sorri é a que mais se surpreende com essa falta de controle do próprio corpo.
sorrir é não ter controle.
não importa o quão fechado dentro do próprio mundo, o sorriso é o buraco da fechadura que os mais enxeridos espiam.
é o segundo entre a explosão e regeneração da bolha que o separa do resto do mundo.
a inexpressividade de alguém ou a não demonstração de emoções se mostra falha dado que, mesmo que raro, o sorriso aparece no canto da boca.
para mim, não são os olhos a janela da alma. os olhos sabem mentir quando treinados.
um olhar nos prende e qualquer coisa se torna válida para nós, a partir daí.
não um sorriso.
um sorriso falso, por mais autêntico que possa parecer, é sempre detectável.
o espontâneo é tão obviamente verdadeiro que é uma delícia receber um. é inesperado e sincero. jamais se duvida de um dado que não é possível uma cópia.
sempre guardei comigo os sorrisos que recebi, como uma fotografia.
deixei de acreditar em tantas coisas, tenho dúvidas de tantas outras.. sou uma pessoa cética em muitos aspectos, confesso.
mas sempre acreditei nos sorrisos.
sorrisos são os nossos segredos que aparecem de vez em quando.
é o meu jeito de, sem querer, me livrar um pouco dessa carga que o mundo nos larga nas costas.
Eu sorri e mostrei a língua.
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