"Sou, em grande parte, a mesma prosa que escrevo. Desenrolo-me em períodos e parágrafos, faço-me pontuações, e, na distribuição desencadeada das imagens, visto-me, como as crianças, de rei com papel de jornal, ou, no modo como faço ritmo de uma série de palavras, me touco, como os loucos, de flores secas que continuam vivas nos meus sonhos."
B.S.



segunda-feira, 18 de junho de 2012

[de pequena]



de pequena que a gente começa a sentir medo.
de pequena que eu tinha um sonho-pesadelo sobre um tubarao e uma baleia dentro de uma piscina e uma menininha presa do outro lado. de pequena que eu abria os olhos quando ia dormir e olhava para a luz nas frestas da persiana, para ver se eu ainda conseguia ver. de pequena eu tinha esse medo de nao ver mais as coisas e o trauma foi crescendo numa outra proporção, mas continua ali dentro.
era de pequena tambem que eu arrumava o cerebro pra conseguir dormir. sempre fui bagunceira. o meu quarto sempre foi o mais desarrumado. meu cabelo moldado pelo sonho da noite anterior. minha roupa amassada era charme. o estilo, preguiças matinais. e pra ser so um pouquinho mais organizava eu deixava a casa em ordem pra pegar no sono. pensava a minha cabeça como muitas comodas e muitas gavetinhas. o chao cheio de roupas espalhadas. e assim eu guardava uma a uma, meio por magica, na verdade elas se guardavam sozinhas. e depois que o chao estava limpo eu adormecia. era mais ou menos desse jeito.
talvez algumas gavetas estejam trancadas a chave e algumas memorias nao conseguem se misturar as outras e virar bagunça de novo. elas ficam guardadinhas e sometimes uma ou outra consegue escapar.
ja me basta ser a camareira em sonhos, ser chaveiro também está alem das minhas capacidades.

Nenhum comentário:

Postar um comentário