"Sou, em grande parte, a mesma prosa que escrevo. Desenrolo-me em períodos e parágrafos, faço-me pontuações, e, na distribuição desencadeada das imagens, visto-me, como as crianças, de rei com papel de jornal, ou, no modo como faço ritmo de uma série de palavras, me touco, como os loucos, de flores secas que continuam vivas nos meus sonhos."
B.S.



segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

[Ela canta só]


Ela canta.
E .
Não precisa de mais nada. Não precisa de um motivo. Nem de afinação.
Não precisa de aplausos ou confete.
Sua música não agrada a quem ouve. Mas só quando não se presta atenção.
A beleza não está na música ela própria.

(A beleza não precisa estar ali.
A beleza não está em admirar o quão belas as coisas são.
A beleza está em procurá-la nas coisas.
E fica ainda mais bonita, por ser mais difícil de encontrar.)

E ela canta.
E é tão bonito por ser sincero. Por ser ela.
Ela canta aquilo que ela conhece.
E ela se conhece tanto que tudo que ela canta soa autenticamente afinado.
Ela canta afinada consigo mesma e essa é a beleza.
Ela canta e se conhece.
Quem vaia não a conhece.
E não conhece a si mesmo.
Por se preocupar em vaiar um outro e esquecer de cantar o próprio.
Ela canta só. E não se importa.

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