"Sou, em grande parte, a mesma prosa que escrevo. Desenrolo-me em períodos e parágrafos, faço-me pontuações, e, na distribuição desencadeada das imagens, visto-me, como as crianças, de rei com papel de jornal, ou, no modo como faço ritmo de uma série de palavras, me touco, como os loucos, de flores secas que continuam vivas nos meus sonhos."
B.S.



domingo, 14 de fevereiro de 2010

[o acaso]


As coisas acontecem por acaso por esses lados daqui.
quando digo esses lados daqui, refiro-me a qualquer lugar.
o que está próximo poderia não estar.
o distante poderia ser o quintal da minha casa. se nao o é (até porque a minha casa nao tem quintal), então o culpado disso é ele. o acaso.
não que ele determine coisa alguma. acaso é justamente essa falta de determinação sobre as coisas.
ele deve ser um tipo distraído, que não olha por onde anda. deixa pegadas em qualquer e todo lugar.
na verdade ele não se importa. não se importa se vai por aqui ou acolá. perto ou longe. se não sabe voltar. e nunca se arrepende da espontaneidade característica.
todos os caminhos dão em algum outro lugar. ele crê.
e assim vai. sem se preocupar.
os caminhos que ele trilha não fazem mesmo muita diferença pra ele. não olha pra trás nunca. não sabe por onde passou. não sabe como foi parar ali. segue assim. sozinho.
nós é que sentimos por esses lados daqui por onde ele passou.
nós sabemos que atalho usou. se escolheu a direita ou esquerda.
nossa vida segue assim. por onde ele trilha.
as vezes damos uma pegada fora da linha. mas só.
e essa pegada pode mudar o rumo do acaso radicalmente.
mas de tão distraído, não percebe que passaria por algum outro lugar..

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