"Sou, em grande parte, a mesma prosa que escrevo. Desenrolo-me em períodos e parágrafos, faço-me pontuações, e, na distribuição desencadeada das imagens, visto-me, como as crianças, de rei com papel de jornal, ou, no modo como faço ritmo de uma série de palavras, me touco, como os loucos, de flores secas que continuam vivas nos meus sonhos."
B.S.



quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

[guarda ela]


quem é ela?
cada lágrima, cada grito, cada murro ela prende dentro dela.
é assim que ela joga. ou se prende ou se entrega. sem meio termo.
sem meia-volta.
ela prefere não perceber
se percebesse, tudo explodia ali dentro
o interno vira fora. o reprimido, rebelde. o sete-chaves vir-a público.
segredos o mundo todo tem. e ela guarda cada segredo do mundo dentro dela.
ela guarda cada um de um que queira esquecer.
ela aceita e guarda. e guarda. e guarda. e se guarda.
nao tem mais espaço ali dentro.
ela está sobrecarregada de tudo que é podre e torto do mundo.
o que é dela ela não guarda.
tanto não guarda que quase não é mais ela. quase não resta nada, dela.
só as lágrimas, gritos e murros que ela prende.
ela é quase só a podridão e a tortisse que ela guarda.
é tudo torto e quase nada.

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